Estávamos em Portugal no sec. XV, na cidade de Lisboa.
Vivia-se uma azáfama no cais.
Dois navios estavam a ser preparados para uma grande expedição.
Homens entravam e saiam, levando mantimentos e água potável, mantas e tecidos bordados. Era ver entrar barris de peixe e carne em salmoura que iriam alimentar os homens durante a longa viagem. Barris de sal eram empurrados pelos corredores até chegarem a um grande armazém que se situava no fundo, para ser mais fresco.
Os navios eram grandes e imponentes. Dois grandes mastros suportavam as velas. Um grande leme, sobressaia como se fosse ele o capitão.
As velas eram testadas para evitar acidentes. Eram brancas e feitas num tecido muito forte, capazes de fazer frente a qualquer a qualquer rajada de vento e tempestade.
Previa-se que estivessem quatro meses no mar.
Os homens preparavam-se para a grande viagem, com imenso entusiasmo. Sonhavam com o novo continente e com o que o futuro lhes reservava.
As mulheres, preparavam com grande carinho, as roupas e agasalhos dos seus amados e os seus corações iam ficando apertados com o dia da partida.
As crianças corriam, rua acima e rua abaixo, divertidas e felizes com tanta confusão que havia nas ruas junto ao cais.
Os pequenos comerciantes aproveitavam para vender a sua mercadoria, pois nestas alturas havia sempre muita gente.
Viam-se frutas e legumes frescos por todo o lado, homens e mulheres colocavam tecidos bem bordados por cima das bancas.
O burburinho andava por toda a parte.
Chegou o grande dia, o momento da despedida.
As mulheres agarravam-se aos seus maridos chorando, as mães despediam-se dos filhos, e as crianças, algumas sem compreender diziam adeus aos seus pais.
Os dois grandes navios levantaram âncora e as velas foram içadas. Lentamente começaram a afastar-se do cais.
Viam-se lenços brancos no ar, que abanavam em jeito de despedida, os murmúrios e os choros eram constantes, enquanto se via os navios já no meio do mar.
Com o tempo, as pessoas foram-se afastando, uma a uma.
Quando era apenas um ponto no horizonte, uma mulher rezava enquanto o seu filho brincava.
“Meu Deus, guiai-os nesta grande viagem. Envia-lhes sinais para que não se percam na imensidão do oceano. Guiai-os Senhor”.
Já nos navios, os homens andavam atarefados. Iam de um lado para o outro, terminando alguns dos seus afazeres e tomando as suas posições nas grandes embarcações.
Na cabine do capitão, podíamos ver uma grande mesa e um cadeirão imponente.
Na sua mesa estavam as cartas marítimas, onde se via a rota bem traçada desde Lisboa até ao destino.
Já outros haviam percorrido os mesmos mares e vislumbrado aquelas terras tão distantes.
Enquanto uns tratavam de várias tarefas no navio, havia sempre alguém alerta e atento aos sinais e direções.
Seguiram o sol durante o dia e a sua posição e à noite as estrelas.
Através dos sinais iam percorrendo o seu caminho pelo oceano. Umas vezes vislumbravam a costa, outras vezes não viam nada.
Um dia veio uma tempestade, que trouxe o nevoeiro e grandes ondas.
Os homens gritavam: “baixem as velas, mantenham a calma”
Estavam todos em estado de alerta.
Os navios mal se viam no meio das grandes vagas. A chuva fustigava fortemente e os seus corações encheram-se de medo. Só pediam que aquela tormenta passasse. A imagem das suas mulheres, mães e filhos enchiam a sua mente.
De repente, aquela mulher que rezava junto ao cais no dia da partida, sentiu um aperto no coração e pôs-se a rezar durante toda a noite.
Finalmente o dia amanheceu.
Não sabiam onde estavam. O nevoeiro cerrado, impedia-os de avançar, não conseguiam ver nada.
O capitão pegou nas suas cartas e começou a calcular a sua posição. Depois foi até ao convés para tentar orientar-se. Mas não sabia onde estava. Passaram-se alguns dias e o desespero começava a tomar conta dos homens.
Até, que o sol apareceu no céu azul.
O capitão procurou então encontrar sinais que o orientassem. Procurou aves a sobrevoar os céus ou cardumes típicos daquela época nas águas.
Não encontrava sinais, continuavam sem rumo.
Até que a noite chegou com o céu muito limpo e nele as estrelas brilhavam fortemente.
Foi ai, que o capitão viu a Ursa Maior e soube qual era o seu caminho e acertou a rota, e gritou: “Icem as velas, homens ao seu posto”…… e fizeram o seu caminho sempre guiados.
E foi assim que ao fim de cinco semanas, alguém grita: “Terra à vista, terra à vista”
….. E tinham chegado ao Brasil.
Finalmente os seus corações acalmaram, pois tinham terra por baixo dos seus pés.
No regresso a Lisboa mais uma aventura os esperava.
Muitas vezes, as nossas intuições, os nossos sinais guiam-nos e orientam-nos na vida.
Na época dos Descobrimentos Portugueses, aqueles homens confiavam nos seus sinais e deixavam-se guiar por mares e oceanos, muitas vezes inexplorados.
Têm a escolha de escutar os Vossos sinais ou de os deixar passar despercebidos ao longo do Vosso caminho que é a vida.
Raquel Pelicano Coach&TrainerPNL